Milho – uma gramínea gigante
Embora muita gente não saiba o milho pertence à família das gramíneas. Este cereal é no fundo uma espécie de erva gigante que foi evoluindo e modificando por força da mão humana ao longo dos tempos. Transformou-se assim numa erva com grãos ricos e sadios, capazes de saciar e acompanhar a evolução dos povos Nativos do continente Americano.
Oriundo do continente Americano o milho chega até à Península Ibérica na altura dos descobrimentos, trazido pelos Espanhóis. Desde então o milho tem estado presente não só na alimentação Portuguesa, mas também pouco por todo o mundo.
Uma das 3 plantas mais consumidas no mundo
A saber, o milho está atualmente no top três das plantas mais consumidas pelo ser humano a nível mundial! E na verdade é raro o produto processado que não contenha xarope ou algum derivado de milho. Infelizmente essas variedades milho amplamente cultivadas nos dias de hoje já se distanciam em muito das variedades de milho tradicional e a sua riqueza nutricional deixa muito a desejar.
Híbridos e GMO’s
O milho é uma das culturas mais hibridizada na agricultura moderna. Só para terem uma ideia, em 1935 nos Estados Unidos apenas 1% do milho era hibrido. Anos mais tarde, já em 1960 esse número subia para os 96%! Mas atenção que hibrido é diferente de GMO! Sabiam por exemplo que hoje em dia 90% do milho produzido industrialmente é GMO (geneticamente modificado). E perguntam vocês porquê que isso é mau?
Os GMO’s ou organismos geneticamente modificados, são plantas ou animais criados através da engenharia genética. Esta tecnologia experimental é conhecida por misturar diferentes espécies, criando combinações instáveis de genes vegetais, animais, bacterianos e virais que não ocorrem na natureza ou por via de hibridização natural.
As mais recentes variedades de milho transgênico contém pesticidas na sua composição. Quando um inseto ataca o milho, isso faz com que o estômago do inseto exploda! E agora pergunto-vos: isto era algo que vocês comeriam?
A importância das variedades tradicionais
Entre 1903 e 1983, o mundo perdeu mais de 93% de todas as variedades de sementes! Estes números são escandalosos! Quando uma variedade/ semente é perdida é muito triste, pois jamais poderemos recuperá-las! Os motivos para estas perdas de variedades tradicionais devem-se muito ao facto das pessoas cada vez menos armazenarem as suas próprias sementes; por casos de contaminação e armazenamento incorreto o que deixa as sementes vulneráveis a doenças e as tornas inviáveis. Por cada variedade de semente perdida é mais uma passo que damos na perda da biodiversidade. A relembrar que as sementes e variedades tradicionais já estão habituadas ao nosso clima. Elas estão mais adaptadas e tem mais resistência às condições dos locais onde se desenvolveram ao longo de gerações.
Agora sim falamos das suas propriedades medicinais
Gastronomia à parte, o uso da barba de milho para fins medicinais era uma prática comum entre os Nativos Norte Americanos. Este conhecimento foi depois passado aos povos colonizadores, e é ainda hoje é usado para vários fins medicinais.
Para além de rica em vitamina K e minerais como o potássio, a barba de milho é extremamente rica em compostos mucilaginosos. As propriedades mucilaginosas fazem desta planta um excelente remédio no combate a cistites e infecções urinárias em geral. A barba de milho é ainda usada no tratamento de cálculos renais e infeções da próstata. Já experienciaram tocar e acariciar a gentileza da barba de milho? É tão suave e frágil, o que nos remete para as suas qualidades medicinais; a barba de milho tem a capacidade de amolecer e cicatrizar as mucosas do sistema urinário enquanto as protege. A barba de milho pode ainda ajudar em situações de cólon irritado; e ajuda ainda a tonificar o músculo uterino.
Como colher?
A barba de milho pode ser colhida por esta altura do ano durante as tradicionais desfolhadas. Escolham a parte da barba de milho que fica no interior da espiga; aquela que não esteve tão exposta ao sol. Dêem preferência ao milho de cultivo biológico ou às variedades tradicionais, livres de agroquímicos. Caso a barba de milho ainda não se encontre devidamente seca, espalhe-a numa rede ou pano limpo e acabe de secar à sombra.
Como tomar barba de milho
Para usufruir dos benefícios da infusão de barba de milho, usem uma a duas colheres de sopa de barba de milho seca numa chávena; verta água a ferver e deixe repousar 5-10 minutos.
Filtre e beba. Em caso de infecções urinárias, a infusão deverá ser bebida morna, várias vezes ao longo do dia.
Em caso de dúvidas ou persistência dos sintomas consulte sempre um profissional de saúde.
Boas desfolhadas!
Fontes:
https://www.nass.usda.gov/Publications/Trends_in_U.S._Agriculture/Corn_Hybridization/index.php
https://www.nationofchange.org/first-super-weeds-now-super-insects-thanks-monsanto-1338362046
