Galium aparine – Amor-de-hortelão
Se vos falar em Amor-de-hortelão talvez não saibam bem de que se trata. E agarra-saias já ouviu falar? Ou mesmo pegamaço, ou erva-peganhosa? Nomes comuns à parte, gentes da aldeia ou amantes da Natureza seguramente já se aborreceram, pelas muitas vezes que as bolinhas peganhosas desta erva se atreveram a agarrar às suas indumentárias. Isto para não falar no pelo dos animais de estimação que andam em liberdade pelo campo, pois são um dos alvos prediletos do Amor-de-hortelão que gosta de se pegar a tudo que tenha textura fofa. Tanto as sementes, que se acabam por disseminar com este método de boleias alheias, como a própria planta em si, são peganhosas.
Esta erva-peganhosa de características audazes, é uma planta anual que por esta altura do ano já começa a fazer notar a sua presença por tudo quanto é baldio, canto de horta mais esquecido; ou ainda por vezes à beira de modestos cursos de água. Apesar de parecer pequena e tímida quando brota, esta planta selvagem depressa pode atingir, em alguns casos, um metro de altura! No entanto, na nossa zona, os espécimes que tenho vindo a encontrar raramente passam da altura do joelho.
Indentificação da planta
A identificação do Galium aparine – Amor-de-hortelão é simples, em parte devido aos pequenos pelos que crescem nos caules e nas folhas, que lhe dão o tal atrevimento de se querer agarrar a tudo que com ele se cruze. As suas folhas finas distribuem-se em anel envolta dos caules, com os tais pelos peganhosos. Quanto às flores, essas são brancas e minúsculas, e podem portanto passar despercebidas. Flores tímidas que rapidamente se transformarão nas tais bolas peganhosas de sementes com espírito aventureiro.
Valor Medicinal
Medicinalmente a erva-peganhosa é de grande interesse, tendo sido mencionada em registos que datam por volta de 1650, em manuscritos pela mão de Nicholas Culpeper, um célebre botânico, herbalista e médico Inglês. Já nos seus manuscritos Culpeper recomendava a erva-peganhosa como um tónico Primaveril, sendo para isso usadas plantas jovens e frescas numa espécie de papa fervida. Este tónico servia assim para limpar o sangue, fortalecer o fígado e preparar o corpo para a mudança de estação.
Hoje, sabe-se que esta poderosa planta actua sobretudo sob o sistema linfático, promovendo o fluxo da linfa enquanto limpa e purifica o corpo de materiais tóxicos resultantes dos processos metabólicos naturais do nosso corpo. Alguns autores contemporâneos comparam a erva-peganhosa a uma espécie de escovilhão para os vasos linfáticos, tal é a sua eficácia na limpeza deste sistema.
Esta planta tão comum é ainda uma excelente opção para pessoas cujas glândulas tem tendência a inchar e inflamar, tais como as adenoides e amígdalas, assim como para as dores de ouvidos relacionadas com este tipo de inflamações.
Por ser uma planta fresca, calmante e promover o fluxo da urina, a erva-peganhosa pode ajudar em caso de irritações urinárias, como por exemplo nos casos típicos de ardor associados com infecções urinárias comuns.
Como usar esta planta?
Idealmente deverá procurar usar a planta fresca, colhida num local livre de poluição. Procure sempre colher as partes mais jovens e tenras da planta antes do aparecimento das sementes. Pode depois usar a planta em sumos, se tiver uma máquina de fazer sumos naturais, em combinação com maçãs, aipo e limão. Pode também optar por usar a planta em batidos (certifique-se que fica bem triturado, e caso necessário passe por um coador). Se preferir cozinhar a planta, pode usá-la numa sopa de legumes, desde que seja passada com a varinha mágica. E por que não juntar umas quantas urtigas à sua sopa também? Assim terá um efeito desintoxicante mais notório. Em última instância pode optar por secar a planta em local seco e arejado. Desta forma terá sempre à mão o amor- de-hortelão para usar como chá ao longo do ano. Das sementes maduras e secas pode fazer-se uma bebida que relembra uma espécie de café.
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