Como é difícil ficar imparcial à singela e delicada beleza da Roseira brava na nossa flora! As flores inocentes de cinco pétalas em tons rosa pálido ou mais escuro, estão bem protegidas pela floresta de espinhos que as guarda como se do tesouro mais preciso do mundo se tratasse.
Embora floresça por altura da Primavera, é nesta época do ano que Roseira brava ostenta os seus curiosos frutos. Ou melhor, pseudofrutos vermelhos, chamados de cinórrodos. É curioso como a Natureza nos presenteia com as suas dádivas na altura que mais necessitamos. Com a chegada do Outono, e com as temperaturas baixas características da época a roseira brava presenteia-nos com os seus cinórrodos com o propósito de nos ajudar a criar forças e resistências para o tempo frio.
Embora fosse do conhecimento geral que os frutos da roseira eram ricos em vitaminas, só por volta de 1930 foi provado que de facto esta maravilha da natureza tem 40 vezes mais vitamina C do que as laranjas! Além disso, são ainda uma boa fonte de vitamina A, B e K. Motivo mais que suficiente para serem administrados em forma de um xarope vitamínico às crianças Britânicas durante os tempos de guerra, quando as laranjas escasseavam.
Os cinórrodos da rosa são então indicados no fortalecimento do sistema imunitário, e prezados pelas suas propriedades antivirais. São ainda conhecidos por ajudar a combater infeções ao longo do sistema digestivo e possuem uma acção diurética, responsável por auxiliar a eliminação de toxinas via urina. Estes frutos têm ainda a capacidade de “arrefecer” o corpo. Deste modo são um remédio aclamado para ajudar a baixar a febre, ou em casos de inflamações e vermelhidões na pele. A esta tripla acção entre suporte imunitário, anti-viral e arrefecedora, faz dos frutos da roseira um remédio soberbo no combate a resfriados, constipações, gripes, congestão nasal ou peitoral etc.. O remédio não é só indicado para crianças, mas também para pessoas com saúde debilitada ou em convalescença, de forma a ajudar o seu restabelecimento e resistência em geral.
Existem ainda estudos que indicam que os cinórrodos da roseira ajudam no alívio de alguns sintomas da artrite reumatóide, em parte pela sua extraordinária capacidade anti-inflamatória.
Para colher os cinórrodos, escolha um local livre de poluição, colha e seque rapidamente em local arejado à sombra. Depois guarde num frasco limpo ao abrigo da luz.
Contudo, existe uma precaução que não deverá ser descorada quando dos frutos da roseira se trata. Os cinórrodos devem ser abertos e as sementes descartadas. As sementes possuem pilosidades conhecidas por irritar o trato intestinal e podem ser potencialmente perigosas. Em infusão podem ser usados os frutos inteiros, pois as sementes não serão libertadas. Deve-se, no entanto, coar bem a infusão. Para tomar sob a forma de infusão coloque 3-4 cinórrodos numa chávena e verta água a ferver. Deixe repousar 5 minutos, filtre e beba ainda quente.
No caso de xaropes ou geleias com estas preciosidades, os frutos deverão ser abertos ao meio, e as sementes descartadas. Ou então, fervidas e depois filtradas com uma musselina fina, assegurando-se assim que nenhuma das sementes se escapou.
Com os cinórrodos pode ainda fazer um vinagre macerado. Uma forma simples e eficaz de aproveitar esta dádiva da Natureza.
Para fazer o vinagre apanhe 20-30 frutos de roseira brava, esmague ligeiramente e coloque num fraco limpo. Sobre os frutos verta vinagre de cidra de qualidade. Coloque o frasco numa janela solarenga e ao final de um mês já pode filtrar e guardar. Este vinagre para além de poder ser usado para temperar saladas, é um óptimo remédio para ter sempre à mão aos primeiros sintomas de gripe e resfriados. Para tal misture uma colher de sopa cheia de vinagre macerado numa caneca de água quente, adicione mel a gosto e já está.