“Alecrim, alecrim doirado, nasce no monte, sem ser semeado. Ai meu amor
quem te disse a ti que a flor do monte era o alecrim(…)” Assim era trauteada a famosa canção popular sobre o majestoso alecrim.
Virtudes sem fim
Quanto às origens da música não sei precisar; mas o uso do alecrim enquanto erva medicinal já aparecia nos manuscritos de Dioscorides, Plinius e Galen, autores das era greco-romana. Assim, alguns médicos Árabes do mesmo período histórico, classificavam já então o alecrim como sendo uma das ervas medicinais mais valiosas descritas na Matéria Médica*. Ao passo que, tanto as folhas como o óleo desta planta nativa, têm vindo a ser usados na medicina Mediterrânica desde que há memória. Durante o período da renascença era atribuído ao alecrim o simbolismo da fidelidade, representando recordação e memória.
Quanto às suas virtudes medicinais, essas só por si dariam um livro (como diz o ditado espanhol). Destaco sobretudo a sua acção anti-espasmódica e estimulante. Como resultado, o alecrim pode ser usado externamente nos casos de dores musculares ou reumáticas; ou em mesmo até em casos de dores associadas à prática de desporto ou trabalhos físicos continuados. Para este efeito em particular deve ser usado um macerado da planta em álcool destilado. O alecrim tem ainda um efeito vulnerário, cicatrizante e antisséptico que ajuda em casos de problemas de pele ou ferimentos cutâneos.
O uso interno do alecrim é igualmente popular. Os maravilhosos princípios aromáticos desta erva transformam-na acima de tudo num condimento perfumado capaz de ajudar à digestão de comidas pesadas, assim como à falta de apetite. Surpreendentemente, e ainda a nível da digestão, o alecrim tem a capacidade incrível de estimular o metabolismo. Ele optimiza a queima de gorduras e açúcar no sangue; deixando uma sensação calorosa e acolhedora no corpo.
Estimula a mente & a circulação sanguínea
A nível cerebral, o alecrim é conhecido por ajudar na perda de memória, fatiga e dores de cabeça associadas. Virtudes estas que se devem em parte pela sua acção estimulante que melhora a circulação sanguínea, e ainda pela sua incrível capacidade da oxigenação do sangue. De maneira idêntica, o alecrim é indicado para pessoas de idade com problemas de circulação sanguínea e/ou com tendência a tensão baixa. É muitas vezes adequado a pessoas com constituições debilitadas, quer por motivos de doença prolongada ou simplesmente por excesso de trabalho.
Para os mais jovens, estudantes, ou pessoas que requerem concentração no trabalho, trazer consigo um raminho de alecrim e ir cheirando-o ao longo do dia aumenta a capacidade de concentração e produtividade em geral.
Deixo-vos uma receita simples para fazer um vinho macerado de alecrim, que pode ser usado como tónico por um máximo de 4 semanas de cada vez. Após 4 semanas deverá fazer uma pausa de um mês se quiser retomar o uso deste elixir. É indicado para estados de cansaço mental, dores de cabeça e debilidade física em geral.
Vinho de Alecrim
Ingredientes: Um pedaço pequenino de gengibre fresco; 5 raminhos de alecrim; 1 garrafa de vinho tinto local; 1 pau de canela.
Modo de preparação: Picar grosseiramente as folhas da planta, descartando a parte lenhosa. Picar também o gengibre. Colocar então todos os ingredientes dentro de uma garrafa ou frasco escuro. Regar com o vinho tinto. Por fim colocar a garrafa fechada numa janela solarenga durante 2 semanas. Ao final do tempo de maceração, filtre e coloque numa garrafa limpa. Guardar no frigorífico até 2 meses.
Tome um cálice deste vinho todos os dias após o jantar.
Não indicado para grávidas e lactantes.
* Termo em Latim, referente ao compendio da história da farmácia, onde está reunido conhecimento vasto sobre as propriedades terapêuticas de qualquer substância usada para a cura, a maior parte ervas.