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Ervas daninhas ou Banquete silvestre?

By 17 de Junho, 2019 No Comments
Ervas daninhas um banquete

              Ervas daninhas ou Banquete silvestre? Para muita gente as ervas não passam de meras decorações da Natureza. Ou então empecilhos que só servem para ser erradicadas. Sabermos identificar as plantas selvagens existentes no nosso meio é uma das ferramentas mais úteis que o ser humano pode adquirir. Um dom, que em caso de sobrevivência pode ser crucial. Podendo muitas vezes determinar a diferença entre a vida e a morte!  Actualmente, o mundo inteiro (salvo algumas tribos Africanas) depende da agricultura, muitas vezes industrial, para fazer face às suas necessidades alimentares diárias. Deixando, portanto, cair no esquecimento as raízes caçadoras-recolectoras pré-neolíticas da humanidade.

Respeito ao meio onde vivemos

Os caçadores-recolectores têm uma conexão fascinante com a natureza, assim como com os seus vários ciclos e estações. Sabem respeitar o meio onde vivem, demonstrando sensibilidade e empatia acrescida para com todas as formas de vida. Hoje em dia, em contrapartida, muita gente há que nem pára duas vezes para pensar de onde vem a sua comida. Comida essa que muitas das vezes já nem retém a sua forma original, de tão processada que foi… Estas novas escolhas tem um impacto grandioso na saúde do ser-humano. Sem querer enveredar pela temática da comida processada, do que vos quero falar hoje é do poder nutricional e medicinal que existe nas plantas selvagens comestíveis. Ou ervas daninhas.. Como lhe queira chamar.

O valor nutricional das plantas selvagens

            As plantas selvagens comestíveis, por não serem domesticadas, retém muitas das suas características originais bravias. Desta forma, muitos dos seus compostos químicos ajudam-nas a adaptar-se às necessidades e adversidades do meio onde estão inseridas. Para nós humanos tal adaptabilidade traduz-se num melhor e mais diversificado valor nutricional, assim como um potencial medicinal acrescido. Outra característica interessante das ervas daninhas (ou plantas selvagens comestíveis), por reterem uma grande panóplia de químicos, é predominante e o sabor amargo. Este espectro de sabores é reconhecido pelos seus efeitos positivos na digestão, assim como na melhoria do apetite em geral.

Colher com sabedoria

 É de salientar, que nem todas as plantas selvagens são comestíveis e outras há que quando ingeridas em grandes quantidades podem ser tóxicas ou em última instância, causar a morte. Por isso certifique-se sempre de que está a apanhar as plantas correctas. Assim sendo, deve levar consigo um guia botânico de campo para o ajudar na identificação. Pode ainda juntar-se a caminhadas de identificação de plantas ou workshops sobre o assunto. Certifique-se também de que o local onde as ervas crescem é livre de poluição, e que nenhum agricultor usou pesticidas ou herbicidas nessa área. Nunca colha todos os exemplares existentes. Colha conscientemente, certificando-se de que a espécie terá continuidade.

           Sugestões para que possa degustar e explorar o que de melhor cresce por esses montes, baldios e florestas

 

Serralha – Sonchus oleraceus

      

        Planta que se assemelha ao dente de leão, erecta, com flores pequenas amarelas. Seus caules exsudam um líquido leitoso quando cortados. Esta planta é extremamente rica em minerais como cálcio, magnésio e fósforo, assim como em proteína e fibras. Medicinalmente é usada para problemas de fígado e estômago.  Deverá ser colhida enquanto jovem, pois quanto mais madura a planta mais amarga se torna.  A serralha pode ser cozinhada tal e qual como os espinafres; em sopas, guisados, salteados etc.

O alho selvagem triangular – Allium triquetrum

alho selvagem

              Este alho perene, cresce abundantemente onde quer que as suas sementes poisem. A sua identificação é fácil pois os seus caules triangulares, e o característico aroma pungente a alho não deixam margem para dúvidas. Pode ser usado como substituto do alho e a cebola domésticos. As suas folhas fazem um pesto delicioso.  Tenha cuidado ao colher esta plantas em jardins, para não a confundir com bolbos de plantas ornamentais que são tóxicos!

Morugem – Stelaria media

merugem

 

          A morugem é uma daquelas ervas facilmente categorizada como erva daninha, desvalorizando assim todo o seu potencial nutritivo e medicinal. Nutricionalmente, enquanto fresca, a morugem é uma excelente fonte de vitamina C e A, assim como vários minerais, entre eles o ferro, magnésio e o cálcio. Da próxima vez que estiver a limpar a sua horta e cruzar-se com morugem guarde-a, e faça uma abundante salada! O sabor desta planta, embora herbáceo, é sublimemente compensado pela sua crocante e fresca textura. Pode acompanhar a salada com uma agradável vinagreta de alho que elevará a morugem a um nível gourmet.

Urtiga – Urtica dioica

 

urtiga

 

             As urtigas são de uma versatilidade incrível. São por isso uma das melhores plantas para a saúde humana, podendo ser usadas tanto como medicina ou alimento. A sua composição é extremamente rica em diversos minerais como o cálcio e o ferro, assim como vitaminas A e C. Pode ser usada em sopas, guisados, esparregados, até bolos! Se tiver uma máquina de fazer sumos naturais pode também adicionar urtiga fresca aos seus sumos de fruta favoritos, deste modo o valor nutricional da urtiga manter-se-á intacto. É um óptimo tónico primaveril. Deve ser colhida enquanto jovem.

Malvas – Malva sylvestris

(desculpem, por qualquer motivo não possuo fotos da malva nos meus ficheiros…) 

          Para fins gastronómicos podem ser usadas as folhas, cozinhadas como se de outra verdura se tratasse. Pode por exemplo usá-las em sopas e guisados, a saber que são particularmente nutritivas para mulheres lactantes por estimularem a produção do leite. As flores frescas e os botões são uma bonita adição nas saladas desta altura do ano. Por serem ricas em mucilagem, a malva possui uma acção suavizante e emoliente dos tecidos.  Na prática, o seu uso terapêutico é indicado para inflamações e irritações do canal digestivo, desde aftas, úlceras gástricas, colites etc. Desta forma ao incluir malvas na sua dieta pode ajudar a apaziguar os estados de inflamação ou irritação do canal digestivo.

Dente de leão – Taraxacum officinalis

              O dente de leão é de uma versatilidade incrível. Toda a planta, desde os botões das flores, as flores, as folhas, os caules, assim como a raiz podem ser usados tanto para fins medicinais como para fins culinários. As folhas mais tenras, por exemplo, podem ser consumidas em saladas, sumos ou batidos naturais. Cozinhadas ficam bem em sopas, esparregados etc… A suas raízes, bem secas à sombra, podem ser torradas no forno para depois serem moídas e usadas como substituto do café. As flores, enquanto frescas, podem ser consumidas panadas, ao estilo peixinhos da horta. Para os mais pacientes e adeptos de delícias selvagens, as flores podem ser transformadas em vinho de dente de leão, uma iguaria deliciosa e diferente.  Os botões das flores, esses colhidos ainda bem jovens, podem ser transformados nuns deliciosos pickles, em semelhança às alcaparras. E esta hein? Pickles de ervas daninhas?

Quer saber mais?

            Espero que jamais volte a olhar para as ervas daninhas da mesma forma. Se tiver interesse em saber mais sobre plantas selvagens comestíveis, fazer parte de caminhadas ou workshops relacionados com o tema pode contactar-nos aqui.